quarta-feira, 31 de julho de 2013

Filho de peixe, peixinho é?

Papai King e Joseph Hillstron King
Nesta volta ao Beco do Crime, vou tentar algo diferente. Até para conseguir vir aqui mais vezes, pretendo simplificar um pouco os delitos... quer saber... vou nada... o que me diverte é escrever e passar as informações completas e minhas opiniões todas... se começar a falar menos perde a graça... Dito isto, vamos ao que interessa...
Em todas as áreas existem filhos que querem seguir os passos dos pais. E pais que querem que os filhos ocupem seus lugares... Esta relação nem sempre é garantia de sucesso, na verdade, os exemplos de filhos que não conseguem chegar aos pés dos pais são inúmeros. Nos esportes temos um monte, o mais emblemático talvez seja do próprio Pelé. Seu filho resolveu ser jogador também, mas diferente do pai, quis ser goleiro, sem problema... o cara quase chegou  aos mil gols também... hehe... Na formula 1, dois casos distintos, os britânicos Graham Hill e seu filho Damon, que foi campeão do mundo e tricampeão brasileiro Nelson Piquet, que não conseguiu emplacar o seu filho Nelsinho. No cinema temos vários outros, e nesta área o sucesso da família já é mais comum, só para citar alguns temos Kirk e Michael Douglas e Toni Curtis e Jamie Lee Curtis entre outros...
Até mesmo nos quadrinhos temos alguns como a família Kubert com Joe e seus filhos Adam e Andy e John Romita e John Romita jr, veteranos desenhistas do Homem Aranha.
Mas e na literatura? Tirando a nacional família Veríssimo, o único outro nome que me vem a cabeça são os Kings. Quem? Ele mesmo, Stephen King e seu filho Joseph Hillstrom King, ou simplesmente Joe Hill.
Mas, e aí? Ser filho de um dos maiores escritores vivos e mestre do horror, deveria ser para deixar qualquer um nervoso, certo? E se você quer ser escritor, sabiamente, escolheria outro gênero para trabalhar... Hill, espertamente, optou por começar sua carreira sem o sobrenome King. E somente depois de bem estabelecido, revelou ser filho de Stephen King.
Historinha muito bonita, funciona otimamente para os marqueteiros das editoras (está aí a J.K Rowling que não me deixa mentir – mas isto é caso para outro delito), porém a pergunta de um milhão de dólares é: o cara tem talento?
Sim. E podia terminar por aqui... Mas não vou fazer isto com vocês...
Li os três livros do cara, Fantasmas do século XX, Estrada da noite e O pacto, além dos três primeiros volumes da série em quadrinhos Locke & Key. Deste material, Fantasmas do século XX é um livro de contos, e apesar de alguma coisa interessante, é o mais fraco de todos (o que não quer dizer que seja ruim). O fato que é que Estrada da Noite e O pacto são muito bons!
O Pacto ainda vai gerar muito burburinho por aí, pois está virando filme com Daniel Radcliffe, o Harry Potter, no papel de Ig Perish, um rapaz que um dia acorda e descobre que está crescendo chifres em sua cabeça (não pensem besteira, a namorada de Igg foi assassinada). Junto com os chifres, Ig ganha alguns poderes sobrenaturais, como a capacidade de ler mentes e fazer as pessoas revelarem seus mais escuros segredos. E a oportunidade de descobrir o assassino de seu namorada. Ainda fiquei com algumas restrições quando vi o título em português, o original Horns é muito mais expressivo, mas depois pensando bem, vi que um livro intitulado Chifrudo não teria muita chance de sucesso por aqui...
O fato é que a obra é muito bem escrita, cheia de ação e com um grande humor negro. O pacto mostra que Hill aprendeu direitinho as lições de papai King.
Locke & Key é muito legal, tem ótimos desenhos e uma trama interessante. Depois do assassinato do seu pai, os irmãos Locke,  Tyler, Kinsey e Body se mudam junto com a mãe para a antiga casa da família, a mansão Keyhouse. Cheia de mistérios, a casa é uma atração para os garotos que logo começam a achar algumas chaves especiais que liberam incríveis poderes, como a capacidade de retirar as memórias da cabeça de uma pessoa, transformar pessoas em fantasmas entre outros... Mas os jovens descobrem que não são os únicos a procura das chaves, um demônio conhecido como Dodge está em busca de uma chave muito especial e sabe muito sobre o passado do patriarca da família Locke. Por ser uma história em quadrinhos, todas as viagens de Hill se tornam realidade nos traços do artista Gabriel Rodrigues. Quadrinhos de primeira.
Todavia (enfim consegui usar esta palavra!) na minha modesta opinião, a Estrada da Noite é o melhor dos livros de Joseph Hillstrom. Uma história de fantasmas de primeira!
A trama é a seguinte: Roqueiro das antigas, Judas Coyne está aposentado e agora passa o tempo colecionando artefatos mórbidos, como a confissão de uma bruxa, um filme snuff e sua última aquisição, o terno de um morto! O roqueiro é informado que o espírito do morto está diretamente ligado ao traje e vai junto não importa para onde o terno vá. Para Judas, a chance de comprar o terno e de quebra um poltergeist é irresistível.
A roupa chega em uma caixa com formato de coração (Heart-shaped box, o título original do livro) e logo uma série de ocorrências estranhas deixam em Judas a impressão de que o fantasmas é mais perigoso do que pensava e quer matar o roqueiro e sua entourage...
Quando Danny Wooten, seu assistente, descobre que está em perigo e pede demissão, Judas resolve investigar mais sobre o terno e o fantasma. E aí, que a história esquenta, o fantasma se chama Craddock Mcdermott e era o padrasto de uma garota que Judas namorou por um tempo. Florida (Judas renomeava todas suas namoradas com nomes de seus estados de origem, depois de Florida veio Georgia) se matou e o padrasto (ou fantasma do padrasto) quer vingança por achar que Judas é o responsável pela morte da menina.
E a partir daí o livro pega fogo! Judas e Georgia descobrem que o velho músico não tem culpa nenhuma do suicídio de Florida, pelo contrário, a menina tinha uma história traumática  e conturbada com seu padrasto e Judas foi uma das poucas pessoas a tentar ajuda-la.
A família de Florida, irmã e padrasto, é responsável pelo suicídio. Craddock era um filho da puta (desculpem meu francês) que abusava das filhas e tinha uma queda para o ocultismo, e com isto consegue "amarrar" sua alma ao terno. A medida de que Judas e Georgia avançam em sua investigação descobrem que existem muito mais esqueletos no armário dos Mcdermott.
Batalhas sobrenaturais, poltergeists, sangue, violência... Joe Hill usa de tudo e mais um pouco para entregar ao leitor um livro sensacional. Quem gosta de história de fantasma vai ficar assombrado (desculpem o trocadilho, não resisti...) com Estrada da Noite.
Joseph Hillstrom King prova que o talento, neste caso, veio de berço... Agora é esperar para ler o novo dele, NOS4a2.

Vou começar uma tradição aqui no Beco, vou falar rapidamente do que estou lendo ou assistindo e o que está na fila.
Em julgamento: X-factor de Peter David, depois de um bom tempo sem ler quadrinhos tradicional, ler as histórias de Madroxx e companhia tem sido bem relaxante.
Hemlock Grove, o livro até agora está interessante. Suspense muito bem escrito. Quando terminar pretendo assistir ao restante da série, o primeiro episódio foi muito bom.
The good guys, série com Colin Hanks e Bradley Whitford, clássica tira certinho-tira doidão, vale uma olhada pela química dos personagens e pela gracinha da Jenny Wade no papel de Liz Traynor. Colin Hanks é filho de Tom Hanks (outro exemplo de família no mesmo ramo para encerrar o delito de hoje)