segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Gato Preto na área

Muita coisa rolou, muita água passou debaixo da ponte e já passamos outubro, (e até novembro). Mês das crianças, halloween, bruxas e gatos pretos ficou para trás. Mas não dá para deixar passar em branco, aqui no Beco do Crime temos um gato preto especial. Quadrinho europeu de altíssimo nível, o delito da vez, trata de Blacksad.
Neste momento que vemos Guerra Civil, Blackest night, Crise final e afins , é uma grata surpresa encontrar uma hq voltada para o entretenimento. Sem querer ser mais  do que ninguém, sem querer ser a versão definitiva do momento deste ou daquele herói ou vilão, Blacksad entrega ao leitor algo que faz tempo que não via: uma ótima história!
Apesar de não ser tão recente (Blacksad já andou pelas bancas e livrarias da terra brasilis em um passado não tão distante) foi apenas agora que tive a oportunidade de ler a série completa. E, tive a comprovação do que já suspeitava a época, Blacksad é bom demais!
E agora, nas imortais palavras de Januário de Oliveira:  Taí o que você queria: John Blacksad é um gato negro, criado pelos espanhóis Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido e teve sua primeira história publicada no ano 2000.
Ambientado na américa, no fim dos anos 50, Blacksad tem todos os (bons) ingredientes de um filme noir, mulheres fatais, policiais corruptos, um herói durão e sem medo de usar violência quando necessário (ou der vontade).  Os personagens são animais antropomórficos os quais as espécies refletem as características de suas personalidades. Apesar de muitas vezes parecer um pouco óbvio, os autores usam estereótipos de forma (nem tantas vezes sutil) mas sempre corretas,  por exemplo, os policiais da série são todos caninos: Pastores Alemães,  Bloodhounds, e raposas. Enquanto os personagens do submundo são repteis ou anfíbios. Demonstrando muito cuidado com todo o material, as personagens femininas tem um visual muito mais humano que suas contrapartes masculinas, principalmente as que tem um papel mais importante ou envolvimento com um personagem relevante. 
O texto de Canales é redondo, muito bem amarrado, mas é a arte de Guarnido o ponto alto da série. A partir de aquarelas detalhadas, incluindo lugares reais, Guarnido consegue criar um clima realístico, ao mesmo tempo sujo e escuro, e perfeitamente integrado com os animais que estrelam a série.
Os principais personagens são:
John Blacksad – cabeça dura, explosivo, violento, Blacksad é um gato preto e típico detetive particular. Criado em um vizinhança pobre, o gato passou grande parte da sua juventude correndo da polícia, esta experiência, e o fato de ter servido na segunda guerra mundial, aprimoraram seu extinto de sobrevivência e habilidades de luta. Surpreendentemente, Blacksad passou um ano na universidade estudando história antes de ser expulso. Como todo bom detetive particular, narra suas próprias histórias com bastante cinismo e comentários críticos sobre o mundo a sua volta.
Weekly – Parceiro ocasional de Blacksad, Weekly é uma doninha com aversão a água e sabão. Otimista e fedorento, costuma trabalhar para um jornal chamado What’s new.
Smirnov – Comissário de polícia e um dos poucos amigos de Blacksad, Smirnov muitas vezes ajuda Blacksad a resolver seus casos, já que sozinho não poderia tocar nos altos escalões sem sofrer pressão “de cima”

Achei 4 volumes do gato:
Somewhere Within the Shadows
Neste primeiro, Blacksad investiga o assassinatode uma famosa atriz, Natalia Willford, com quem Blacsad já teve uma relacionamento.
Suspeitos aparecendo mortos, prisão indevida, uma surra inesperada, este livro tem todos os elementos dos clássicos noir. Poderosos se julgando acima da lei, capangas violentos (e burros), malandros e espertalhões, e um final brutal e politicamente incorreto (mas cheio de justiça). Um perfeito cartão de visitas para Blacksad. Parte disto saiu no Brasil, e foi isto que me chamou a atenção.

Arctic Nation
Enquanto o primeiro livro seguia uma linha mais criminal, neste volume já temos uma temática mais social. Blacksad se vê as voltas com o desaparecimento da jovem Kaylie. Em um subúrbio onde a recessão do pós-guerra parece interminável, Blacksad descobre que abaixo da superfície harmoniosa, existe um submundo de repressão, depravação e violência (e claro, muitos segredos comprometedores).  As margens da sociedade o grupo chamado Nação ártica promove a a segregação racial e mantêm um controle autoritário sobre a localidade. A ação chega ao ápice durante uma cerimonia nos moldes da Klu Klux Kan, que Blacksad detona pra resolver seu caso.
É, também, neste livro que somos apresentamos a Weekly, que depois de certa resistência de Blacksad se torna seu parceiro e um dos seu poucos amigos.

Red Soul
No terceiro volume, Blacksad está trabalhdo para  Hewitt Mandeline, um velho jabuti milionário e bon vivant que o arrasta para Las Vegas e na volta para casa a um vernissage onde encontra o Comissário Smirnov e sua família.
Em Red Soul, conhecemos um pouco mais do passado de Blacksad. Na mesma galeria onde encontrou a família Smirnov, ele toma conhecimento de uma palestra envolvendo um antigo professor, Otto Lieber, renomado físico nuclear e candidato ao Nobel.
Enquanto Artic Nation falava de conflitos sociais e econômicos a pegada aqui é mais política. O pano de fundo da história envolve corrida nuclear e ameaça comunista. Apesar dos assassinatos e todo o clima de suspense, pela primeira vez vemos um Blacksad mais contido, (e sensível) . O detetive começa um relacionamento (ilícito, é claro) com uma pacifista e logo está no centro de uma conspiração internacional.

A Silent Hell
Situado em New Orleans, e com jazz a todo volume, desta vez menos crítico e contestador que os dois volumes anteriores, este álbum segue a linha do primeiro, assassinato e muito mistério. Blacksad e Weekly são contratados pelo famoso e bem sucedido produtor Faust LaChapelle para encontrar seu melhor músico, Sebastian “little hand” Fletcher. Faust teme que o vício em heroína de Sebastian pode  te algo a ver com seu desaparecimento.
Músicas roubadas, tráfico de drogas, velhos segredos, voodoo, tudo que se espera encontrar em New Orleans está neste livro, além de um Blacksad, violento e disposto a resolver o seu caso a qualquer custo.
 
Como disse lá no começo do delito, descobri Blacksad durante uma fase que comprava tudo que encontrava de quadrinhos em banca de jornal. Logo depois o gato desapareceu do mercado nacional e ficou esquecido na minha prateleira. Até que tive que mudar e organizar meus livros, quando reencontrei as revistas. E uma coisa leva a outra, busquei os outros álbuns e não me arrependi...
Quem gosta de um bom quadrinho, de uma boa história, com boas referências, tem um prato cheio na mão.  Vale muito a pena.

Em julgamento:
Psych – comédia rápida e sem compromisso, traz as aventuras de Shawn Spencer, que desde criança foi treinado por seu pai, oficial de policial, para ser um super detetive. Rebelde e descompromissado, Shawn não se interessou em seguir carreira, mas começa a ajudar a polícia de Santa Bárbara, fingindo ser médium e usando as técnicas que aprendeu com seu pai. Com a ajuda do seu inseparável amigo de infância, Burton Guster, Shawn desvenda os mais difíceis casos enquanto tenta se “enroscar” com a detetive Juliet.

Bones – série policial na linha parceiros diferentes que não se entendem. No caso um agente do FBI, durão e cheio de instintos que começa a trabalhar com uma antropóloga forense para resolver casos mais bizarros a partir da identificação de ossadas. Um pouco de CSI, muito de tecnologia nas resolução dos mistérios, mas o grande barato da série é a relação entre o agente Seeley Booth e a doutora Temperance Brennan, ou Bones, como é chamada pelo parceiro. A antropóloga é toda razão e fatos, e se mostra (até certo ponto) incapaz de mostrar emoção no seu dia a dia, ao contrário do parceiro. Além disto, Bones demonstra um distanciamento dos fatos atuais e cultura pop que rendem ótimas piadas quando Booth a “sacaneia”.

Indiciados
Xmen – first class – atrasadão, mas até agora ainda não assisti ao último filme. Depois de Thor, Man of steel, capitão américa, deu vontade de ver este também.
Rachel Rising – quadrinhos de vampiro, descoberto por acaso e de autoria de Terry Morre
Cuckoo’s Calling – escrita por J.K Rowling sob um pseudônimo, e o fato de ser um suspense, me despertaram a curiosidade.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Filho de peixe, peixinho é?

Papai King e Joseph Hillstron King
Nesta volta ao Beco do Crime, vou tentar algo diferente. Até para conseguir vir aqui mais vezes, pretendo simplificar um pouco os delitos... quer saber... vou nada... o que me diverte é escrever e passar as informações completas e minhas opiniões todas... se começar a falar menos perde a graça... Dito isto, vamos ao que interessa...
Em todas as áreas existem filhos que querem seguir os passos dos pais. E pais que querem que os filhos ocupem seus lugares... Esta relação nem sempre é garantia de sucesso, na verdade, os exemplos de filhos que não conseguem chegar aos pés dos pais são inúmeros. Nos esportes temos um monte, o mais emblemático talvez seja do próprio Pelé. Seu filho resolveu ser jogador também, mas diferente do pai, quis ser goleiro, sem problema... o cara quase chegou  aos mil gols também... hehe... Na formula 1, dois casos distintos, os britânicos Graham Hill e seu filho Damon, que foi campeão do mundo e tricampeão brasileiro Nelson Piquet, que não conseguiu emplacar o seu filho Nelsinho. No cinema temos vários outros, e nesta área o sucesso da família já é mais comum, só para citar alguns temos Kirk e Michael Douglas e Toni Curtis e Jamie Lee Curtis entre outros...
Até mesmo nos quadrinhos temos alguns como a família Kubert com Joe e seus filhos Adam e Andy e John Romita e John Romita jr, veteranos desenhistas do Homem Aranha.
Mas e na literatura? Tirando a nacional família Veríssimo, o único outro nome que me vem a cabeça são os Kings. Quem? Ele mesmo, Stephen King e seu filho Joseph Hillstrom King, ou simplesmente Joe Hill.
Mas, e aí? Ser filho de um dos maiores escritores vivos e mestre do horror, deveria ser para deixar qualquer um nervoso, certo? E se você quer ser escritor, sabiamente, escolheria outro gênero para trabalhar... Hill, espertamente, optou por começar sua carreira sem o sobrenome King. E somente depois de bem estabelecido, revelou ser filho de Stephen King.
Historinha muito bonita, funciona otimamente para os marqueteiros das editoras (está aí a J.K Rowling que não me deixa mentir – mas isto é caso para outro delito), porém a pergunta de um milhão de dólares é: o cara tem talento?
Sim. E podia terminar por aqui... Mas não vou fazer isto com vocês...
Li os três livros do cara, Fantasmas do século XX, Estrada da noite e O pacto, além dos três primeiros volumes da série em quadrinhos Locke & Key. Deste material, Fantasmas do século XX é um livro de contos, e apesar de alguma coisa interessante, é o mais fraco de todos (o que não quer dizer que seja ruim). O fato que é que Estrada da Noite e O pacto são muito bons!
O Pacto ainda vai gerar muito burburinho por aí, pois está virando filme com Daniel Radcliffe, o Harry Potter, no papel de Ig Perish, um rapaz que um dia acorda e descobre que está crescendo chifres em sua cabeça (não pensem besteira, a namorada de Igg foi assassinada). Junto com os chifres, Ig ganha alguns poderes sobrenaturais, como a capacidade de ler mentes e fazer as pessoas revelarem seus mais escuros segredos. E a oportunidade de descobrir o assassino de seu namorada. Ainda fiquei com algumas restrições quando vi o título em português, o original Horns é muito mais expressivo, mas depois pensando bem, vi que um livro intitulado Chifrudo não teria muita chance de sucesso por aqui...
O fato é que a obra é muito bem escrita, cheia de ação e com um grande humor negro. O pacto mostra que Hill aprendeu direitinho as lições de papai King.
Locke & Key é muito legal, tem ótimos desenhos e uma trama interessante. Depois do assassinato do seu pai, os irmãos Locke,  Tyler, Kinsey e Body se mudam junto com a mãe para a antiga casa da família, a mansão Keyhouse. Cheia de mistérios, a casa é uma atração para os garotos que logo começam a achar algumas chaves especiais que liberam incríveis poderes, como a capacidade de retirar as memórias da cabeça de uma pessoa, transformar pessoas em fantasmas entre outros... Mas os jovens descobrem que não são os únicos a procura das chaves, um demônio conhecido como Dodge está em busca de uma chave muito especial e sabe muito sobre o passado do patriarca da família Locke. Por ser uma história em quadrinhos, todas as viagens de Hill se tornam realidade nos traços do artista Gabriel Rodrigues. Quadrinhos de primeira.
Todavia (enfim consegui usar esta palavra!) na minha modesta opinião, a Estrada da Noite é o melhor dos livros de Joseph Hillstrom. Uma história de fantasmas de primeira!
A trama é a seguinte: Roqueiro das antigas, Judas Coyne está aposentado e agora passa o tempo colecionando artefatos mórbidos, como a confissão de uma bruxa, um filme snuff e sua última aquisição, o terno de um morto! O roqueiro é informado que o espírito do morto está diretamente ligado ao traje e vai junto não importa para onde o terno vá. Para Judas, a chance de comprar o terno e de quebra um poltergeist é irresistível.
A roupa chega em uma caixa com formato de coração (Heart-shaped box, o título original do livro) e logo uma série de ocorrências estranhas deixam em Judas a impressão de que o fantasmas é mais perigoso do que pensava e quer matar o roqueiro e sua entourage...
Quando Danny Wooten, seu assistente, descobre que está em perigo e pede demissão, Judas resolve investigar mais sobre o terno e o fantasma. E aí, que a história esquenta, o fantasma se chama Craddock Mcdermott e era o padrasto de uma garota que Judas namorou por um tempo. Florida (Judas renomeava todas suas namoradas com nomes de seus estados de origem, depois de Florida veio Georgia) se matou e o padrasto (ou fantasma do padrasto) quer vingança por achar que Judas é o responsável pela morte da menina.
E a partir daí o livro pega fogo! Judas e Georgia descobrem que o velho músico não tem culpa nenhuma do suicídio de Florida, pelo contrário, a menina tinha uma história traumática  e conturbada com seu padrasto e Judas foi uma das poucas pessoas a tentar ajuda-la.
A família de Florida, irmã e padrasto, é responsável pelo suicídio. Craddock era um filho da puta (desculpem meu francês) que abusava das filhas e tinha uma queda para o ocultismo, e com isto consegue "amarrar" sua alma ao terno. A medida de que Judas e Georgia avançam em sua investigação descobrem que existem muito mais esqueletos no armário dos Mcdermott.
Batalhas sobrenaturais, poltergeists, sangue, violência... Joe Hill usa de tudo e mais um pouco para entregar ao leitor um livro sensacional. Quem gosta de história de fantasma vai ficar assombrado (desculpem o trocadilho, não resisti...) com Estrada da Noite.
Joseph Hillstrom King prova que o talento, neste caso, veio de berço... Agora é esperar para ler o novo dele, NOS4a2.

Vou começar uma tradição aqui no Beco, vou falar rapidamente do que estou lendo ou assistindo e o que está na fila.
Em julgamento: X-factor de Peter David, depois de um bom tempo sem ler quadrinhos tradicional, ler as histórias de Madroxx e companhia tem sido bem relaxante.
Hemlock Grove, o livro até agora está interessante. Suspense muito bem escrito. Quando terminar pretendo assistir ao restante da série, o primeiro episódio foi muito bom.
The good guys, série com Colin Hanks e Bradley Whitford, clássica tira certinho-tira doidão, vale uma olhada pela química dos personagens e pela gracinha da Jenny Wade no papel de Liz Traynor. Colin Hanks é filho de Tom Hanks (outro exemplo de família no mesmo ramo para encerrar o delito de hoje)

quinta-feira, 14 de março de 2013

I's justified.

Bom, tudo pode ser justificado. Posso dar várias razões para o atraso do Beco, sumiço do Beco, abandono no Beco, mas nas sábias palavras de Raylan Givens, I's justified! Gostei disto!
Alguém aí sabe quem é Raylan Givens? Como não? Tá legal, vou desculpar vocês, e dizer quem é, afinal o Beco do Crime está aqui para isto mesmo… Raylan Givens é filho do escritor norte-americano Elmore Leonard (na verdade ele é filho de Arlo Givens, mas como Leonard criou os dois….), apareceu primeiro no livro Pronto e depois em Rinding the rap e no mais recente, Raylan Givens. Assim como Karen Sisco e Jack Foley, outros personagens de Leonard, Raylan, volta e meia é citado nos outros livros do autor. Conheci o Raylan em Pronto, e apesar de achar o livro interessante (mas com sérios problemas na tradução), não me liguei muito no personagem de cara. Mas depois de ler outros livros de Leonard, a presença de Raylan nos fundos me deixou curioso. Quando comecei a assistir Justified, sabia que conhecia aquele nome de algum lugar, com a ajuda preciosa de Larry Page e Sergey Brin, finalmente, consegui ligar o nome a pessoa.
A série desenvolvida pelo FX, me ganhou logo de cara: começa com um tiroteio na cobertura de um hotel em Miami (tá lá no video no fim do delito). E Justified pega o gancho deixado em Pronto, Rylan confronta um suspeito e passa fogo nele depois de dizer que tinha avisado antes e que ele não soube usar as 24 horas para sumir como sugerido. Quando perguntado sobre o tiroteio, Raylan responde: It’s Justified. (não consigo uma tradução legal!).
Raylan e Ava Crowder
Como punição pela confusão, Raylan é realocado de Miami para Kentucky, e o condado de Harlan, sua terra natal, de onde saiu com a intenção de nunca mais voltar. E e aí que entramos na história e conhecemos mesmo Raylan Givens. Interpretado por Timothy Olyphant, Givens ganha cara e um arrastado sotaque caipira. Além de um cinismo e humor negro de primeira. Raylan é um delegado federal com um estranho senso de honra, apesar de honesto, o agente não se incomada em usar de violência, ameaçar os suspeitos e mentir para solucionar seus casos. Sem falar que não se incomoda em usar sua arma, e como deixa claro várias vezes, se tiver que sacar, vai atirar para matar! O que rende grandes momentos nos episódios, como quando atira no próprio pai, um criminoso costumaz. Com um inseparável chapéu Stetson 'Open Road' (outro motivos para boas piadas), Raylan cultiva um visual de cowboy moderno, completamente fora de sintonia nas grandes cidades, mas perfeito para Harlan e cercanias.
Winona Hawkins, ex esposa de Raylan
Mas uma série não é feita só de um personagem, mas de vários personagens coadjuvantes de primeira, sem falar nas belas mocinhas que Raylan vai passando o rodo no decorrer da série (muito machista?) nesta areas se destacam Ava Crowder (a bela Joelle Carter), esposa do criminoso Bowman Crowder (morto pela própria Ava, em legítima defesa, que fique claro) e Winona Hawkins (a loirinha Natalie Zea) ex esposa de Raylan e ainda apaixonada por ele. Na ala dos cuecas temos Art Mullen (Nick Searcy), chefe de Raylan e muitas vezes coniventes com os arroubos de seu delegado. Mas os grandes destaques nesta ala são mesmo, Boyd Crowder (vivido por um inspirado Walter Goggins), que também leva um tiro de Raylan (logo na primeira temporada) e o atormentado e psicótico Dickie Bennet (um Jeremy Davies magistral). 
Ava e Boyd Crowder
Além dos personagens bem desenvolvidos e carismáticos, a série mostra um lado dos Estados Unidos pouco conhecido por aqui, assim como True Blood e sua Lousiana, Justified retrata um lado rural e muitas vezes duro dos EUA, sem estereotipar, vemos o Estados Unidos country de uma maneira realista e surpreendente para quem está acostumado com series sempre em Nova York ou Los Angeles. Justified já está na quarta temporada e ainda vem agradando ao público e crítica. E parece que vai continuar no ar por mais algum tempo! Que nossa temporada em Kentucky ainda dure bastante tempo. Para não perder o hábito segue o trailer da primeira temporada, aqui já dá para ter uma boa idéia de quem é Raylan Givens (o tiroteio de miami está aí!):

 e uma série de tiroteios com Raylan:

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O espírito da coisa

Verdade! O Beco do Crime não acabou. E vai continuar em 2013, espero que com mais frequência, pois tem muita coisa boa para aparecer por aqui.
Devagar se vai ao longe, a pressa é inimiga da perfeição e blablablá... chega de besteira... Tem muita coisa acontecendo e não dá para ficar perdendo tempo com lenga lenga! Já estamos muito atrasados. No delito de hoje, uma história nobre de superação do medo... um ato de coragem e de uma enorme cara de pau!
Desta vez, o delito é sobre The Spirit, o filme de Frank Miller, um dos gênios dos quadrinhos nos anos 80. The Spirit é obra de Frank Miller, assinatura de Frank Miller e CAGADA (grande, em letras maiúscula mesmo) de Frank Miller. O filme é prova definitiva que Miller está completamente gagá, senil e que perdeu todo o senso crítico e noção de rídiculo!
Para quem está chegando agora e não conhece o Spirit, uma rápida introdução do personagem: The Spirit é a imortal criação do genial Will Eisner. Sacaram a adjetivação toda? Entenderam o exagero? É para deixar bem claro o tamanho da CAGADA do cara de pau do Frank Miller.
O personagem apareceu pela primeira vez em 2 de Junho de 1940 em um suplemento dominical nos Estados Unidos. A trama traz as aventuras de um vigilante mascarado que combate ao crime em Central City com a benção do Comissário de policia Dolan. Dolan sabe a verdadeira identidade de Spirit, um dos seu detetives, Denny Colt, dado como morto no cumprimento do dever. As histórias seguem variados estilos do noir a simples aventuras, de horror a comédia, do mistério ao romance. Sempre com um tom bem humorado e leveza. Com Spirit, Will Eisner começou o seu trabalho que elevou a história em quadrinhos em arte. Saindo do estilo “quadradão” e careta dos quadrinhos feitos a época, Eisner inventou, derreteu quadrinhos, estourou balões, escondeu títulos, mostrou títulos, fez coisas impensáveis, conseguiu reconhecimento de crítica e público e forjou o termo Graphic Novel! E todo este trabalho em preto e branco. Eisner levou cortes cinematográficos para seus trabalhos, sem medo de ousar. Desenvolveu um estilo único, copiado por todos que vieram depois. Sem Eisner não existiria Frank Miller e Cavaleiro das Trevas ou Ronin...
E Frank Miler se achou no direito de achincalhar a obra de Will Eisner! Criou um filme com um visual até interessante, mas sem muito a ver com o Spirit original de Eisner, e descaralhou toda história do personagem… Recheou o filme de belas mulheres e só… Tem um Samuel L. Jackson histérico e ridículo com poderes incompreensíveis e com uma relação inventada e mau explicada com o Spirit…
Repetindo o estilo visual usado em Sin City, Miller tenta de todas as formas criar uma obra que... o que..., sei lá, não consegui entender o que o cara tentou fazer... Não é Sin City e não chega nem perto do que seria interessante para Spirit (talvez o visual de Sky Capitain fosse o mais adequado para esta adaptação).
Sempre achei que para fazer um bom filme baseado em Hq, antes de mais nada é necessário um mínimo de respeito com os fãs e com a história… Não dá para esquecer ou subverter o que funciona durante anos de uma hora para outra, não é preciso reinventar a roda...
Não se pode inventar uma nova origem para um personagem e esquecer anos de mitologia… Stallone se estrepou em Juiz Dread, a Warner quis inventar com a mulher gato e Constantine, tem ainda o Fantasma ridículo de Billy Zane e tantos outros tiros na água. O que já deveria deixar Miller de sobreaviso. Ele até que conseguiu fazer um bom trabalho com seu Sin City (o que aumenta minha certeza que quem fez o filme foi mesmo o Robert Rodrigues), e terminou elevando as expectativas para Spirit.
 Atualizar um personagem não é uma tarefa impossível (vide o que a BBC conseguiu com seu Sherlock, já comentado aqui no Beco), mas Miller escorrega feio e fica no meio do caminho e o que vemos da tela é um filme ruim, sem carisma, exagerado e fora do tom. Depois de tanto trabalho bem feito como  Hellboy do Del toro, o Batman do Nolan, os filmes da Marvel, assistir a Spirit foi uma decepção.
Como fã de Will Eisner e do Spirit, e apreciador do trabalho de Frank Miller (até certo ponto), me considero no direito de reclamar e esculhambar com ele! O que ele fez é tão sem próposito que me deixou sem palavras. O filme me irritou e tirou do sério como a muito tempo não acontecia (há muito tempo não vinha aqui no Beco bater em alguém, mas não consegui me segurar)…
E como cereja do bolo, Miller trabalhou nas artes de divulgação do filme, o cartaz negro ao lado  e fez um trabalho porco, como tem sido os seus últimos (não acredito que ele tenha desaprendido a desenha me parece apenas preguiça ou desleixo)
O que só me deixa a certeza que Frank Miller não entendeu o espírito da coisa… é hora de pegar os pincéis e ir para um asilo calmo e lembrar os bons tempos de Ronin e O Cavaleiro das Trevas,  e parar de estragar o trabalho dos outros! Aí embaixo o trailer para os corajosos...

Para quem conhece Wil Eisner, uma visita do Spirit a metrópolis no aniversário do Superman.