quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Oh Diabos….

De volta ao Beco do Crime… e desta vez com um bando de garotos enxeridos. Nos meus tempos de garoto eu era fã do desenho original. E, agora, redescobri o desenho em uma das suas novas versões! Graças a pequenina daqui que ficou doente e quis pegar uns filmes para ver em casa neste periodo.
Estou falando de Scooby-Doo e sua nova série, Mistérios S.A., a décima primeira encarnação do cachorro medroso mais famoso da TV, e a primeira que não  estreou no tradicional Saturday Morning Cartoon Americano. Produzida pela Warner e pelo Cartoon Network, Mistérios S.A. reapresenta Scooby e companhia para um novo público.
Para os que vivem em Marte e não sabem de quem estou falando, aqui está a folha corrida:
Criado no no ano de 1969 por Iwao Takamoto, o desenho conta a história de  um grupo de quatro adolescentes metidos a detetives: Fred Jones, Velma Dinker, Daphne Blake e Salsicha Rogers, que juntos com um enorme cachorro dinamarquês falante, chamado Scooby-Doo, viajam numa van chamada Máquina de Mistério (com uma pintura psicodélica), e ajudam a investigar casos misteriosos nos mais variados locais: casas mal-assombradas, parques abandonados, pântanos e ilhas, ameaçados por fantasmas, múmias, monstros e terríveis vilões.
Os garotos seguem as pistas, fogem dos vilões e, muitas vezes, vêem-se perdidos em labirintos, passagens secretas e porões escuros. Em todos os desenhos, eles se dividem em dois grupos: Fred e Daphne vão por um lado, enquanto Salsicha e Scooby acompanham Velma, que, apesar da esperteza e inteligência, vive perdendo seus óculos e se metendo nas confusões de Salsicha e Scooby.
Os episódios seguem um padrão: depois de uma cena de perseguição sempre com uma interessante trilha sonora, e por meio de algum plano mirabolante com direito a uma armadilha de Fred, os vilões são pegos. Os malvados estão sempre mascarados e as suas identidades são reveladas quando retiram as máscaras. E o culpado é sempre alguém bem conhecido na história e cada vez que são descobertos, saem com esta: "Eu teria conseguido se não fossem por aqueles garotos intrometidos e esse cachorro idiota". Esse bordão (a tradução para a dublagem nacional quase sempre muda as palavras, criando variações das frases) faz parte de quase todos os desenhos e filmes realizados.

Uma passagem rápida com as principais séries do personagem:
Scooby-Doo, Onde Está Você? é a série original teve duas temporadas produzidas entre 1969-1971. De 1972 a 1974, Os Novos Filmes do Scooby-Doo, onde a turma encontrava estrelas do mundo pop e outros personagens Hanna-Barbera para solucionar mais mistérios: Os Globetrotters, Sonny & Cher, Don Knotts, Dick Van Dyke, A Família Addams, Batman e Robin, O Gordo e o Magro, Jeannie é um Gênio e Babu, Os Três Patetas… Quando possível, os próprios astros emprestavam suas vozes à versão desenho. Esta série era interessante, sempre ficava curioso para saber quem seria o convidado da vez.
E 1976, o grupo apareceu no Scooby-Doo-Dynomutt Show, apresentado com outro desenho: Dinamite, o Bionicão. Juntou-se à trupe de Scooby um primo seu, Scooby-Dão e a cadela Scooby-Dee. Confesso que gostava do Bionicão e do Falcão Azul.
De 1977 a 1980 Scooby-Doo apareceu em Os Ho-Ho Límpicos, juntamente com vários personagens Hanna-Barbera, divididos em três equipes e disputando competições olímpicas. Scooby-Doo é o representante da equipe dos "Assombrados". Maneiríssima! Era engraçado ver três equipes disputando alguns jogos só para duas pessoas…
Em 1979, Scooby ganhou um sobrinho: Scooby-Loo, uma versão menor, mas corajosa, tagarela e chata, do cão Scooby-Doo. Scooby, seu sobrinho e seus amigos humanos apareceram ainda em vários segmentos e aventuras por toda a década de 80. Chata para cacete!!O tal do Scooby-loo é um dos personagens mais chatos que já vi…
Entre 1988 e 1991 um novo show foi produzido: O Pequeno Scooby-Doo ("A Pup Named Scooby-Doo"). Seguindo a moda da época, os personagens voltaram para o jardim de infância… Revendo alguns episódios hoje, vejo que nem era ruim.
Em 2002,  sai o filme "Scooby-Doo - O filme", com o elenco: Matthew Lillard (Salsicha), Freddie Prinze Jr. (Fred), Sarah Michelle Gellar ("Buffy") (Daphne), Linda Cardellini (Velma) e Rowan Atkinson, o "Mr. Bean", que faz Mondavarious, o vilão da história, fraco…  seguido por Scooby-Doo 2 - Monstros à Solta (2004) mais fraco ainda... . Em 2009, o terceiro filme  Scooby-Doo! The Mystery Begins, foi lançado para comemorar os 40 anos do personagem. Com um elenco completamente novo (Robbie Amell como Fred, Hayley Kiyoko como Velma, Kate Melton como Daphne e Nick Palatas como Salsicha), o filme conta a história de como a Mistério S.A. foi formada. Dos filmes de carne e osso, este menos badalado foi o mais interessante.
Em outubro de 2002, foi lançado O que Há de Novo, Scooby Doo? (What's New Scooby Doo?). São episódios inéditos do cachorro medroso e sua trupe. A grande novidade fica por conta da Internet e o redesenho dos personagens que cometeu a heresia de eliminar o lenço de Fred e mudar a roupa da Daphne… Esta série ainda gerou alguns longas animados e diferente dos outros desenhos da trupe, os fantasmas, bruxas e aparições muitas vezes eram reais o que tirava a graça dos desenhos. Nos outras encarnações, sempre existiu um culpado de carne e osso… Para mim, esta direção tomada foi um grande erro, o barato da história era ter alguém real e com algum motivo (normalmente financeiro) por trás dos mistérios.
Em 2007 estreou no Cartoon Network o seriado Salsicha e Scooby Atrás das Pistas (Shaggy and Scooby-Doo Get a Clue). Nesta série, Salsicha e Scooby atuam sozinhos para ajudar o tio Albert Shaggleford contra o malvado Dr. Phybes, e, ao contrário das outras séries, essa segue uma seqüencia e não tem nada a ver com os anteriores além de pouquissima participação do restante da turma, sem falar que os desenhos desta vez são horrorosos…


Agora, que todo mundo já está devidamente apresentado, voltamos a programação normal e a Mistérios S.A. Assim como nas últimas versões do desenho, os personagens foram mais uma vez redesenhados, mas desta vez trazendo de volta as características originais sem cometer os erros das duas versões anteriores. Fred está com seu tradicional lenço no pescoço (o que proporciona algumas ótimas piadas). O trabalho de atualização dos traços do desenho foi muito bem feito e vai agradar em cheio os puristas como eu. Os fundos dos desenhos todos trabalhados no computador são mais realistas e sombrios como pede o século 21, o visual mais moderno e sério foge bastante das versões anteriores do desenho e busca inspiração nos episódios originais. Mas diferente das outras séries, Mistérios S.A usa o expediente de temporada que o americano está habituado, cada episódio tem a sua trama mas está tudo amarrado em um trama principal que vai se desenrolando por toda a temporada.
Um pouquinho da história agora, Fredrick "Fred" Jones, Jr., Daphne Blake, Velma Dinkley, Norville "Salsicha" Rogers, and Scooby-Doo formam uma equipe chamada Mistérios S.A., especializada em resolver mistérios na pequena cidade de Baia Crystal (em outras versões os personagens vinham de Coolsville). A cidade tem um passado de estranhos desaparecimentos e registros de fantasmas e monstros, o que lhe valeu a alcunha de “lugar mais assombrado da Terra”. Esta fama é explorada pelo turismo local, e algumas pessoas não ficam felizes com o sucesso dos jovens em resolver os mistérios e revelar os charlatões e embrulhões que estão por trás dos esquemas.
Mas nem tudo é suspense em Mistérios S.A., há tempo para o amor também... Pela primeira vez nos desenhos, a turma assume alguns relacionamentos, Daphne é declaradamente apaixonada por Fred que apesar de sentir da mesma forma não consegue assumir a sua paixão. E Velma e Salsicha estão namorando, o que provoca muito ciúme em Scooby-doo.
Além disto alguns personagens que já apareceram em outras versões voltam a dar a cara aqui, como Vicent Van Doido e as Hex Girls, uma banda de rock feminina.
Logo abaixo, alguns videos da turma para vocês curtirem e recurtirem se for o caso... E lembrando que o Beco do Crime agora está também no Facebook, você podem curtir aí do lado.




Divirtam-se! Quem gostou pode comprar clicando nas capas aí debaixo: 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Conheça a mais estonteante agente secreta

Estou atrasado, estou atrasado, disse o Coelho Branco, passando afobado por Alice.  O simpático personagem de Lewis Carroll é um ótimo exemplo do meu momento com o Beco do Crime. Mas não é sobre o Coelho o delito de hoje. E, sim sobre uma personagem que está meio esquecida: Modesty Blaise.  
A bela surgiu primeiro nos quadrinhos em 1963. Imaginada pelos ingleses Peter O'Donnell e Jim Holdaway, Modesty Blaise é uma jovem de inúmeros talentos com um misterioso passado criminoso.  Me lembro vagamente da personagem nas tirinhas de jornal, junto com Dick Tracy mas, confesso que nunca me chamou a atenção. Até que na minha mania de fuçar todas as estantes de livros que passo, achei um exemplar de Dente de Sabres, numa estante escondida embaixo da televisão da casa do meu avô. O livro já estava amarelado, capa quase caindo, mas tinha uma bela moça na capa, e por volta dos meus quinze anos, fiquei empolgado com o que poderia achar naquelas páginas ressecadas.
A história de Modesty Blaise começa em 1945: uma jovem sem nome escapa de um campo de refugiados em Kalyros, Grécia. Sem lembranças do seu passado, a pequena vagou pela mediterrâneo, oriente médio e norte da África após a 2ª Guerra, e aprendeu a sobreviver sozinha. Até fazer amizade com um outro refugiado, um velho professor de Budapest, Lob, que a educa e batiza de Modesty (o sobrenome Blaise, ela incorporou por conta própria). Com a morte de Lob, Modesty mais uma vez se vê sozinha, e, por obra do destino, termina por conquistar o controle de uma gangue criminosa no Tânger e a expande a nível internacional e a denomina “A rede”.
Durante esses anos negros, ela conhece o homem que mudaria sua vida, o inglês, Willie Garvin. Modesty salva Garvin de uma vida perdida e desesperada e acreditando no seu potencial, oferece a ele um emprego na Rede. Willie, agradecido, se torna o braço direito na organização e seu melhor amigo. Em todas as histórias fica bem claro que o relacionamento entre os dois é estritamente platônico, tanto que os dois se envolvem com outras pessoas durantes as histórias.
Modesty, inclusive, se casa com o James Turner, em Beirute, e consegue a nacionalidade britânica, mas o casamento termina de maneira trágica, com a morte de Turner em decorrência do alcoolismo… mas com o dinheiro da Rede e sua nova identidade, Blaise se muda para a Inglaterra, logo seguida por Garvin.
Mas os dois sentindo falta dos dias agitados da Rede, começam uma amizade com  Sir Gerald Tarrant, um alto oficial do Serviço Secreto Britânico e passam a viver inúmeras aventuras. E graças ao seu passado criminoso, Modesty consegue resolver inúmeras encrencas internacionais de maneira peculiar e com metodos não muito ortodoxos. Assim como em Dente de Sabre, o livro em que descobri a personagem, a trama do livro é a seguinte:
Karz é um lider militar mongol com um vasto exército de altamente treinados mercenários escondidos nas montanhas que cercam o afeganistão. O objetito de Karz é invadir e ocupar o Kwait (deve ter sido daqui que o Saddam roubou a idéia....) Mas, falando em idéias infelizes, o mongol resolve que Modesty Blaise e Willie Garvin são os nomes ideais para comandar duas tropas do seu imenso exército, apesar de saber que a dupla não está no mercado...
Enquanto isto, Sir Gerald Tarrant escuta rumores que inúmeros mercenários estão aceitando um misterioso contrato e sumindo da face da terra... O que acarreta o cruzamento de todas as histórias...
O passado de  Modesty é revelado durante suas inúmeras histórias, a personagem além dos quadrinhos, apareceu em vários livros (com vários escritores) e em alguns filmes.
Bela, jovem, sedutora, excelente lutadora, rica, com um passado misterioso, Modesty Blaise é uma excelente personagem para Hollywood que fica inventando Salts, e afins para Angelina Jolie… até hoje tudo que se conseguiu foram algumas adaptações capengas… apesar da versão da década de 60 ter a bela Monica Vitti no papel de Blaise. Nem mesmo o apoio de nomes como Tarantino e Neil Gaiman, que trabalhou em uma versão de roteiro, conseguiu levar o personagem de volta ao sucesso…
O fato é que Modesty Blaise é mais um personagem clássico que caminha a passos largos para a obscuridade, assim como Mandrake, Flash Gordon, Tarzan e outros, ou até que Hollywood resolva assassinar de vez, como fez com o Fantasma de Lee Falk, com o horroroso filme com o Billy Zane… Um verdadeira pena… Modesty Blaise merece muito mais….
Para quem gosta de relíquias, aí embaixo está o trailer da primeira versão do filme, com Monica Vitti.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cheiro de óleo diesel

Amigos meliantes, tem Delito novo no Beco do Crime. E caramba, acho que deste vez me superei! Consegui juntar no mesmo delito, Stephen King, filme B, anos 80 e rock and roll! Como? Com Maximum Overdrive.
Comboio do terror, como ficou conhecido aqui em Terra Brasilis, é a primeira e única incursão de King na direção (até agora). O filme é de 1986, vai tempo… e assisti pela primeira em VHS (é capaz de ter gente lendo isto aqui que não sabe nem do que se trata) alugado no videoclube, depois assisti em algumas sessões de terror das altas madrugadas, quando fiz a minha própria cópia em Vhs…
A trama é inspirada no conto Trucks, e começa quando a terra passa pela cauda de um cometa. Inexplicavelmente as máquinas começam a ganhar vida própria. Caixas eletrônicos chamam os clientes de babacas (nesta cena, o cliente é o próprio King, no seu momento Hitchcock), máquinas de refrigerantes cuspindo latinhas nas pessoas, facas elétricas atacando cozinheiros, pontes levadiças subindo sozinhas e causando o caos, carrinhos de controle remoto atacando cachorros, cortadores de gramas fora de controle...
Logo o espectador é levado para o Dixie Boy, uma furreca parada de caminhões perto do nada e próxima de lugar nenhum, mas na rota de grandes caminhões.
Os frequentadores e funcionários do local pouco a pouco começam a perceber que algo estranho está acontecendo. Vários caminhões começam a chegar e cercar o posto e o clima vai ficando opressivo.
A situação piora e quando os caminhões começam a exigir comida (os veículos querem ser abastecidos) os sobreviventes percebem que estão virando escravos de suas próprias criações e a única opção que se apresenta é a fuga para um outro local, uma ilha chamada Haven Island, a alguma distância da costa da Carolina do Norte, onde veículos e outras máquinas não são permitidos.
Quem assume o comando dos sobreviventes é Bill Robinson, interpretado por Emilio Estevez, o irmão sóbrio de Charlie Sheen. Com um carregamento de armas que estava escondido no porão do posto, a turma parte do Dixie Boy rumo a marina, mas são perseguidos por um monstruoso caminhão que tem uma cabeça do Duende Verde na frente (!) e liderava os caminhões no cerco a lanchonete.
O filme tem um ritmo intenso, e visto depois de um tempo, mostrou mais qualidades do que eu lembrava. É bem claro que um filme com este enredo não pode ser levado a sério, e com este espírito, vira uma grande diversão… Com um muito humor negro, a obra foge das premissas sombrias que costumamos encontrar nos trabalhos de King e tem um ar mais camp, não se sabe se proposital ou não, mas que funciona. E a trilha Sonora a cargo do AC/DC é um show parte, com direito a uma van da banda sendo destruída na ponte levadiça rebelde. Clásssicos como Who Made Who, You Shook Me All Night Long, e Hells Bells foram lançados nesta trilha

No elenco, além de Emilio Esteves (que teve uma carreira que também nunca decolou), temos alguns nomes interessantes, com Pat Hingle, o comissário Gordon dos Batmans de Tim Burton e Joel Schumacher e Yeardley Smith, a voz original de Lisa Simpson.

Outra ponto a se destacar, ainda não se falava em merchandising nesta época (pelo menos nos níveis de hoje) mas vários caminhões do cerco tinha marcas pintadas nas carrocerias, alguma bem conhecidas como Bic. Imaginem hoje quando não valeria esta inserção em um filme.
Por esta obra, King foi indicado ao prêmio Framboesa de Ouro e jurou nunca mais dirigir um filme novamente. Mas em uma entrevista mais recente, já reconsiderou e disse que pode tentar de novo. Talvez o mais sábio seja ficar nas participações especiais no estilo Hitchcock, é menos vergonhoso... O fato é que Maximum Overdrive fez a minha alegria em algumas madrugadas e de outros loucos fãs do King que conheço. Quem não conhece o filme, mas gosta de fortes emoções, pode correr atrás. Mas é melhor correr logo, hollywood já disse que pretende refilmar o filme, e como sempre é melhor esperar o pior destes remakes...
Aí está o trailer para vocês curtirem e um bonus: o clipe de who made who, do AC/DC com a cena de Stephen King no Caixa.



terça-feira, 24 de maio de 2011

Por tutatis

Há uns dias li uma notícia muito louca sobre espólio de Asterix, Uderzo (um dos criadores do personagem junto com Goscinny) processava a sua filha, que por sua vez, tentava interditar o pai. O fato é que pelo que li, o imbroglio não parece ter uma solução a curto prazo. Mas reacendeu o meu interesse pelo personagem. Para quem não conhece o personagem, um breve resumão:
Asterix é uma série de histórias em quadrinhos criada na França por Albert Uderzo e René Goscinny no ano de 1959.
As suas primeiras histórias apareceram na revista Pilote, ainda em  Outubro de 1959. E o primeiro album, Asterix o Gaulês, foi editado em 1961. E, a partir daí, passaram a ser publicados anualmente. Após a morte de Goscinny, Uderzo prosseguiu o trabalho, e afirmava que não queria que continuassem a série após a sua morte, mas parece que mudou de idéia (e daí começou toda a confusão familiar).
Até hoje foram lançados 33 álbuns com o personagem, e lembro que quando crescia li quase todos. Junto que outros amigos, também fãs do gaulês, a gente reveza os albuns. Procurávamos sempre comprar albuns diferentes para logo completar a leitura de toda a série e um ou outro era bem difícil de achar, como Asterix e grande travessia, mas Asterix e o domínio dos deuses tinha até na banca da esquina...
Um grande barato é que as histórias sempre começam iguais: "Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de legionários romanos nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum..."
Asterix vive nesta pequena aldeia e para resistir ao domínio romano, ele os outros aldeões contam com a ajuda de uma poção mágica que lhes dá uma força sobre-humana, preparada pelo druida da aldeia, Panoramix. A exceção é o seu melhor amigo, Obelix, que caiu dentro de um caldeirão cheio da poção quando ainda era um bebê, e daí adquiriu permanentemente a superforça.
Uma pequena lista dos personagens principal:
Asterix, o herói gaulês, bigodudo, brigão, é dono da bola e o melhor amigo de Obelix.
Obelix, fabricante de menires. Adquiriu força sobre-humana permanente ao cair dentro de um caldeirão cheio de poção quando era um bebê. Adora o cachorrinho Idéiafix, o qual o acompanha em suas aventuras com Asterix. Só pensa em duas coisas: comer javalis e bater nos romanos. 
Companheiro inseparável de Asterix, sempre disposto a uma boa briga.


Panoramix, o velho druida que aconselha Asterix, Obelix e o chefe Abracourcix – é o único a saber preparar a poção mágica.
Abracourcix é o chefe da aldeia. Bonachão, confia plenamente na dupla Asterix e Obelix, apesar das confuses que eles promovem.
Chatotorix, o bardo da aldeia. Péssimo cantor, mas um bom companheiro.  Toda a vez que começa a cantar, cai uma tempestade.

A lista de personagens é vasta e vários nomes do período histórico dão as caras nos albuns, como Julio Cesar e Cleópatra.
O humor de Asterix é tipicamente francês, com trocadilhos, caricaturas e estereótipos e muitas piadas com ícones do século XX devidamente “asterixados”, como os Beatles (ao visitar a Bretanha encontram-se quatro bardos famosos e narigudos com um corte de cabelo esquisito) ou Cleópatra claramente inspirada em Elizabeth Taylor.

Sem falar nos trocadilhos com nomes dos personagens. Todos os povos têm terminações comuns de nomes: os gauleses terminam em -ix, os romanos em -us (Acendealus, Apagalus), normandos em -af (Batiscaf, Telegraf), bretões em -ax e -os (Relax, Godseivezekingos), egípcios em -is (Pedibis, Quadradetenis), gregos em -os e -as(Okeibos, Plexiglas), vikings em -sen (Kerosen, Franksen), godos em -ic (Clodoric, Eletric), e hispânicos nomes compostos (Conchampiñon & Champignon, Lindonjonsón & Nixón).
Algumas piadas são comuns a todos os albuns como o  bordão de Obelix é "Esses [o nome do povo] são uns loucos", sendo "romanos" o povo mais frequente. O horripilante canto de Chatotorix,  geralmente impedido por Automatix, o ferreiro da aldéia, com uma porrada. Os piratas que ao se encontrarem com Asterix e Obelix, têm seu navio afundado (muitas vezes, eles afundam o barco para não apanhar da dupla).
Os quadrinhos de Asterix são uma obra-prima e alegraram minha infância e merecem estar no Beco do Crime. Mas até então, nunca tinha sentado para assistir nenhum dos filmes (o quarto já está em produção) – já tinha visto uma primeira animação e tinha gostado, mas o filme com Gerard Depardieu como Obelix passou batido. Com a polêmica entre pai e filha, lembrei do personagem e resolvi assistir ao filme.
O filme tem tudo dos quadrinhos! O visual é sensacional, o franceses gastaram uma grana para fazer um produto digno de seu patrimonio cultural (os gauleses tem um parque temático com mais visitantes que a eurodisney), Depardieu é o próprio Obelix, Christian Clavier também faz um Asterix passável. A aldeia está lá, assim com todos os amados personagens. Mas alguma coisa não funciona… o roteiro é uma colagem de vários albuns, e lá pelas tantas vira um samba do crioulo doido… com um final mais confuso ainda… e além disto, ainda tem o chato do Roberto Benigni, exagerado e careteiro, tá certo que o personagem dele deveria ser irritante, mas o cara passou da conta…
Falta o charme dos quadrinhos, a adaptação muito literal de tudo elimina as surpresas, para um fã do personagem fica bem fácil adivinhar o que vem a seguir, por mais que a gente espere uma adaptação fiel, alguma coisa diferente tem que acontecer, senão é mais fácil e gostoso ler os albuns… valeu a intenção, mas ficou só nisto… um dia, tomo coragem e assisto ao Segundo filme, para ver se acertaram a mão.




Só nos resta aguardar a nova animação, a primeira em 3d, com a turma de Meu malvado favorito.
Aí embaixo, se clicar nas capas, vocês podem comprar os albuns.


terça-feira, 3 de maio de 2011

Mulheres no comando

Enfim, hora de tirar a poeira da casa e começar a colocar as coisas em ordem. Então, é hora de delito novo no Beco. Desta vez, livro! E de mulher, mas não de mulherzinha! A autora já foi chefe do serviço de inteligência Britânica, o MI-5, e não estou falando de Judi Dench, e sua M (antes que me avisem eu sei, que M é chefe do MI-6), e sim de Stella Rimington. Dame Stella, que foi a primeira mulher a chefiar o lendário MI-5, estreia na literatura com o livro Em Risco, um obra ágil e esperta, e digna de figurar aqui no Beco do Crime.
Em risco apresenta para os leitores a agente Liz Carlyle, membro da Junta Antiterrorista (nominho ruim da porra, ô tradução, podia repensar isto, hein?). Experiente, bonita, destemida, Liz, a partir de informações desencontradas que chegam a sua agência, começa a montar um assustador quebra cabeças: tudo indica que a Grã-Bretanha será alvo de um "invisível". (Nota do Gênio do Crime: Na comunidade das agências de inteligência, um invisível é o pior pesadelo a ser enfrentado. Invisível é um terrorista "nativo" do país alvo, e por isto capaz de atravessar fronteiras, se mover sem ser detectado e agir como uma cidadão comum.) E para enfrentar esta ameaça, tudo que Liz e sua equipe tem como ponto de partida é o assassinato de um pescador chulé numa localidade remota com uma incomum munição militar usada por agentes estrangeiros.
A partir daí, o ritmo da história é intenso e Stella Rimington usa de todo seu conhecimento e experiência para criar uma trama real e atrativa, sem menosprezar os leitores. Já falei em outros delitos, não suporto autor "que rouba" ,que acha que vai enganar o leitor com uma solução inviável... Não é o que acontece aqui, Em risco é uma obra muito bem amarrada, e por Stella conhecer (e bem) o assunto que está tratando só valoriza ainda mais o livro. A autora britânica mostra um surpreendente talento para uma iniciante. Stella tem um timing perfeito, e como, quem abre uma Matryoshka, vai revelando apenas o suficiente para manter o leitor preso e atento a história.
 
Eu tenho alguns parâmetros para julgar um livro (Muitas vezes, o fato de um livro ser bem escrito não significa que ele é um bom livro, pelo menos para mim). Gosto é algo bem subjetivo e nem sempre o que agrada um, é bom para outro. Daí o uso destes parâmetros: o tempo que levo para ler, os momentos que paro para ler este livro... e quando o livro é bom mesmo, as vezes, fico "poupando" para a história render mais. E foi isto que aconteceu com este livro, devorei o livro, carreguei para cima e para baixo na mochila, e ainda fiz o máximo para esticar a história, não queria que terminasse e quando acabei já estava com saudades de Liz.
Este é o primeiro livro de Stella, mas confesso que me apaixonei de cara pela agente Carlyle. A personagem é real, ao mesmo tempo que procura terroristas, Liz enfrenta problemas normais de um mulher solteira e não é apresentada como uma mulher maravilha. Além disto, os personagens coadjuvantes são muito bons, Charles Wetherby, o chefe e mentor de Liz e Bruno Mackay, agente do concorrente MI-6 (casa do James Bond) que desperta o interesse (desinteresse?) do Liz, são personagens que devem voltar nos próximos livros e relação dos três promete muito. Do lado de cá, espero logo que venham outros livros da personagem. Estamos muito precisando de protagonistas femininas para fazer companhia a Jack Reacher, Cliff Janeway, Jack Ryan, Harry Bosch e outros! Bem vinda ao Beco do Crime, Liz Carlyle. E, eu também espero voltar logo! Quem se interessar, pode comprar o livro clicando na capa aí debaixo.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Na mosca!

É, galera, sem desculpas e direto ao que interessa! O resto da vida pode passar um tempo sem mim (mas não muito... tem gente que fica nervosa quando eu sumo...). Já estava mais que na hora de vir no Beco, espantar as aranhas, varrer os ratos e mostrar que tem gente viva por aqui. Então, sem mais blá, blá, blá, delito na área.
A literatura de modo geral é pródiga de heróis solitários, desde os clássicos do noir, com Sam Spade e Lew Archer, aos homens de ação modernos, como Jack Ryan, Sean Dillon, Scot Harvat ou Robert Langdon. Em comum, todos estes personagens são portos seguros para seus criadores, vendas certas e aparecem em vários livros, tem potencial para cinema, vide Jason Bourne. e vai se criando uma mitologia em torno deles. Gosto de todos os citados acima, e ainda posso falar dos advogados, Dismas Hardy, Sandy Stern e Rusty Sabbich, ou dos detetives, Harry Bosch e Terry Caleb. Todos são ótimos personagens, com ótimos livros, mas como tenho que escolher um para falar desta vez, uni duni tê, o escolhido foi: Jack Reacher!
Reacher é o personagem principal dos livros do inglês Lee Child. O personagem nasceu no dia 29 de outubro de 1960, em uma base militar situada em Berlim. Filho de militar, Jack foi criado em postos militares por todo o mundo, e seguindo os passos do pai, logo se alistou, e serviu com grande distinção, participando de combates no golfo e outras guerras. Desiludido com o exército, Reacher deu baixa, e decide viver a vida...
Sem rumo, sem laços e sem obrigações, portando apenas um cartão de banco e a roupa do corpo, passa a vagar pelos Estados Unidos. Sua fonte de renda é a sua pensão do exército e, eventualmente, o dinheiro que tira de seus inimigos. A sua desculpa é que deseja conhecer o seu país, já que passou a maior parte da vida fora, em bases militares espalhadas por todo o planeta.
Com sangue frio e treinamento militar, Reacher não é adepto da teoria “quando um não quer dois não brigam”, em situações críticas, ele sempre prefere agir primeiro. Segundo ele, quem der a primeira porrada, quase sempre ganha a briga... Além da altura acima da média e do porte de soldado, Reacher traz como herança dos seus anos como policial militar (polícia do exército, diferente da nossa PM) um senso de justiça incomum, e uma enorme habilidade de estar no lugar errado, na hora errada... Normalmente, quando começam suas histórias...



Já li vários livros dele, Dinheiro Sujo, Destino: Inferno (este foi o último, excelente) The Enemy, Bad Luck and Trouble, Nothing To Lose, mas conheci o personagem no livro Um Tiro.
A Trama é simples mas sensacional, começa com a descrição dos passos de um franco-atirador em direção a uma chacina: com controle, precisão, tranqüilidade e seis disparos, cinco alvos são atingidos em frente à sede de uma afiliada da rede NBC (atenção para matemática; 6 disparos, 5 alvos, um tiro...). Pânico, notícia e mistério: todas as evidências apontam para James Barr, um veterano da Guerra do Golfo, como o principal suspeito dos crimes. Barr, alega inocência. E após ser preso dentro de casa pela SWAT, é levado à prisão e fica em silêncio até ser interrogado pelo advogado de defesa David Chapman. "Achem Jack Reacher” é o seu único pedido. A tarefa se mostra complicada para os policiais e para o advogado de defesa, já que ninguém sabe o paradeiro de Reacher após a dispensa do exército.
Por puro acaso, Jack toma conhecimento do caso, e movido, a princípio, por curisiodade resolve sair de Miami, onde curtia um periodo de calmaria e uma bela norueguesa, e escutar o acusado. Então, seu passado de investigador vem a tona e ele toma para a si, a tarefa de descobrir o que realmente aconteceu naquela tarde. Todo mundo sabe que é não é do meu feitio contar o fim das histórias aqui no Beco, então, quem ficou curioso, pode ler o livro sem medo. Jack Reacher é garantia de boa história, um tiro na mosca! (não resisti ao trocadilho...)
Algumas curiosidades: Jack é apaixonado por música, especialmente por Blues, tem um dom matemático impressionante, sempre que precisa matar o tempo, Reacher começa a fazer as mais loucas contas, além de ser viciado em café. E, assim como eu, sempre se senta de costas para a parede, de modo que não possa ser atacado por trás. (juro, é verdade, não sei por que, mas tenho medo de ser esfaquedo pelas costas...)
Agora, um pouco sobre o meu xará, Lee Child é o nome artístico de Jim Grant. Nascido na Inglaterra, em 1954. Hoje, vive em Nova Iorque. Dinheiro Sujo foi sua estréia, e logo de cara ganhou o prêmio Anthony Award por melhor romance de estreia. O site do cara é este: http://www.leechild.com. As edições nacionais, quem quiser comprar, pode clicar nas capas aí embaixo.