segunda-feira, 24 de março de 2008

Depois da páscoa...

Estou um pouco atrasado... semana passada foi curta e outros projetos terminaram por atrasar um pouco o Beco. Mas acho que agora as coisas irão andar melhor, espero que todos tenham tido uma ótima páscoa com muito chocolate (ou batata Pringles). E vamos ao post.
Mau humorado, convencido, egoísta, um pouco louco, hiperativo, questionador e totalmente adorável, assim é Calvin, genial criação de Bill Watterson. Publicado de 1985 a 1995, quando então, o autor resolveu que queria se dedicar a outros projetos, os quadrinhos mostram as aventuras do garoto em uma pequena cidade do meio-oeste americano (levemente inspirada na cidade natal de Watterson). Sempre acompanhado do seu tigre de pelúcia, Haroldo, Calvin e sua imaginação ativa vivem incríveis aventuras.
A chegada do terceiro livro da dupla às livrarias me levou a escrever este post, há um ano atrás eu comprei o primeiro livro, já fazia algum tempo que as tirinhas não eram publicadas por aqui e pensei que seria um bom momento para matar as saudades. O livro terminou passando pelas mãos de vários amigos que também sentiam falta das aventuras de Calvin, chegando ao ponto de ter sido seqüestrado e necessário uma operação de guerra para resgatá-lo, bom, mas isto é outra história...
Calvin e Haroldo fala de meio-ambiente, educação pública, pesquisas de opinião e outros temas atuais, de maneira bem-humorada e quase sempre com os pais do personagem sendo envolvidos em alguma travessura do garoto. Os pais são as vítimas preferidas de Calvin, porém, muitas vezes, eles mostram de quem Calvin herdou o comportamento peculiar, o pai (em nenhum momento os nomes dos personagens aparecem), não perde uma oportunidade de tripudiar, normalmente com respostas ainda mais absurdas às perguntas do garoto, deixando Calvin na dúvida se o que ouviu é verdade ou não...
Com sua imaginação, Calvin encarna vários outros personagens, um tiranossauro, um detetive, um inseto e o mais famoso de todos, o cosmonauta Spiff! Sem falar no próprio Haroldo, que quando está sozinho com Calvin, ganha vida e age como uma consciência para o menino, o contraponto (nem sempre) racional.

Alem de Calvin, Haroldo e dos pais do menino, outros personagens são recorrentes na série:
Susie Derkins, vizinha e colega de turma de Calvin. Susie é a única personagem importante da séria a ter nome e sobrenome. Educada, estudiosa, ela também tem seu lado negro, normalmente, implicando ou “entregando” Calvin aos adultos. Mantêm uma relação de amor e ódio com o garoto, e muitas vezes deixa transparecer que tem um sentimento mais profundo por Calvin.
Miss Wormwood, a professora. É severa e parece sempre estar de marcação com Calvin, mas na verdade só quer o melhor para seus alunos. Calvin, quase sempre, imagina a professora como um alien gosmento ou um zumbi que está tentando dominar a escola, o que lhe causa inúmeros problemas e situações embaraçosas.
Rosalyn, a babysitter. Rosalyn é uma adolescente e a babysitter oficial quando os pais de Calvin saem. Na verdade, ela é a única que consegue encarar Calvin, e é a única pessoa de quem o garoto tem medo.
Moe, o valentão da escola. Moe é o típico valentão, bate nos menores, extorque dinheiro, usa de apelido maldosos e é burro. Normalmente, Calvin tenta escapar dele usando de frases e situações que o outro garoto não consegue entender, o que nem sempre funciona...


Não posso deixar de falar do Calvinball, segundo descrição do próprio Calvin:
“Os jogos dos outros são chatos de lascar!
Eles tem que ter regras e manter um placar!
Calvinball é que é de arrebentar!
Nunca é o mesmo, é diferente assim!
Você não precisa de time, juiz ou afim!
Você sabe que é demais porque o nome vem de mim!”
O jogo é uma mistura de todos os esportes com bagunça generalizada, Calvin e Haroldo são os jogadores mais freqüentes, mas ocasionalmente Rosalyn joga em troca de Calvin fazer o dever de casa.

O triste é, que tirando algumas republicações (em 2005, foi lançado lá fora, um box com três volumes de capa dura com todas as tiras já publicadas, só de pensar me dá água na boca), nada de novo tem aparecido. Com internet e outras mídias explodindo por aí, chama a atenção a falta de outros produtos relacionados à série. Devido a um forte sentimento anti-merchandising de Bill Watterson, existem alguns poucos materiais de marketing oficial (disputados a preço de ouro pelos colecionadores). Não existe nada à venda, pelo menos não com o aval do autor, algumas camisetas e adesivos apócrifos podem ser encontrados por aí, mas é só...
O autor chegou a comentar que gostaria de ver o personagem em uma animação, mas nunca chegou a liberar o projeto. Um fã italiano produziu um versão que chegou ao youtube, mas Watterson conseguiu junto ao site que o video fosse tirado do ar.
Este comportamento (um pouco insano, na minha opinião) do autor termina por esconder uma das melhores histórias em quadrinhos já publicadas. O que é uma pena... Todos os fãs gostariam de ver Calvin e Haroldo na televisão, cinema e em todos os outros lugares possíveis. Só nos resta torcer para que Bill Watterson mude de idéia e nos traga de volta as tarde de Calvinball, Spiff e companhia...


terça-feira, 11 de março de 2008

Seria Warren Ellis deus?

O dia internacional das mulheres ficou para trás, mas o Beco do Crime não poderia deixar passar em branco, então o novo slideshow é uma homenagem a todas as damas fatais que passam pelo blog.
E vamos ao que interessa: Para muitos fãs de quadrinhos este escritor britânico está bem perto de ser considerado Deus... para outros ele é um lixo... Típico caso do ame-o ou odeie-o, Warren Ellis, nascido em Essex, segue firme e forte com um dos mais vendáveis roteirista da atualidade. Responsável pelos sucessos Planetary e Autority, séries violentas e contestadoras, e prestes a assumir o roteiro de Astonishing X-men no lugar de Joss Whedon, Ellis vai ter que se desdobrar para manter o nível, já que a série nas mãos de Whedon, ganhou todos os prêmios possíveis (bom, ‘tá certo que o criador de Buffy contou com a ajuda dos sensacionais de desenhos de John Cassaday). Mas este post não é para falar dos quadrinhos de Ellis e sim, de sua primeira incursão nos romances: Crooked Little Vein, publicada em Julho de 2007. Por um acaso do destino, terminei com um exemplar (em inglês) nas mãos. Estava procurando a obra já tinha algum tempo e não conseguia achar nada por aqui. Com Autority e Planetary arrebentado nas bancas e a expectativa crescendo em torno de Astonishing, achei que era um bom momento para falar um pouco de Warren Ellis e sua nova loucura.
Escrita na primeira pessoa como várias histórias do gênero detetive durão, a trama mostras as desventuras de Michael “Mike” McGill, uma antiga estrela em ascensão de uma famosa agência de investigação que hoje passa por uma interminável maré de azar. McGill é procurado pelo corrupto chefe de staff do presidente dos EUA para uma missão especial: para achar um exemplar muito peculiar da constituição americana. E, é a partir daí que começa a viagem de Ellis: o livro que McGill tem que encontrar foi escrito na pele das costas de um alienígena morto pelo próprio Benjamin Franklin depois de passsar seis noites sendo “sondado” pelos ET's. Quem já escutou falar de contatos imediatos deve entender do que estou falando... O livro passou pela mão de vários presidentes americanos até Richard Nixon perdê-lo em um bordel em São Francisco.
Ellis leva McGill a uma viagem através dos subterrâneos da América, e sem a Marvel ou a DC para segurar sua loucura, o inglês abusa. Pervertidos, loucos, corruptos, ninguém é inocente nesta viagem, palavrões, escatologia, violência, pornografia, Ellis vai enfileirando tudo que imagina nas página de seu livro, sem em nenhum momento perder o fio da meada, o que torna o livro uma excelente história de detetives. As desventuras de McGill, por mais absurdas que se apresentem, são descritas com uma riqueza de detalhes muitas vezes atordoantes. O que só acrescenta pontos a esta ousada estréia.
Quem já leu um pouco do trabalho de Warren Ellis em Authority ou Planetary vai entender o que estou falando, todas as referencias a cultura pop estão presentes nesta obra, sem as restrições de praxe. Divertido e sarcástico, o livro é um verdadeiro achado, depois que a gente se acostuma com todos os palavrões. Vou deixar um link no final com o primeiro capítulo para quem falar inglês (e quiser se arriscar). E só nos resta torcer que alguma editora crie coragem e aposte em Warren Ellis. Quem gosta dos quadrinhos de Ellis vai gostar de sua estréia, eu gostei. E muito!
A propósito, a capa aí de cima é de uma edição limitada e o cara aí do lado é o próprio.

Primeiro capítulo

terça-feira, 4 de março de 2008

Elvis não morreu...

Falando de filmes novamente. Há algum tempo atrás pus as mãos em um filme chamado Bubba Ho-tep. Já tinha lido sobre ele na internet, depois escutei alguns comentários por aí, até que, enfim, consegui uma cópia e me surpreendi com o que encontrei: filme B dos bons! Estrelado por Bruce Campbell, o Ash da série Evil Dead, e Ossie Davis, o filme conta a hilária história de um Elvis Presley velhinho enfrentando uma múmia do antigo egito com a ajuda de um John Kennedy negro (isto, mesmo, negro!). Baseado em um conto indicado ao Bram Stoker Award de Joe R. Landasle, Bubba Ho-tep conta a “verdadeira” história do que realmente aconteceu com Elvis.
Logo no início do filme, encontramos o Rei envelhecido em um asilo perdido no meio do Texas. Em flahsbacks, descobrimos que Elvis estava cansado da vida artística que levava e certo dia, após encontrar um dos seus muito imitadores, decide trocar de lugar e tirar um ano de férias. Tudo feito as escondidas para não levantar suspeitas mas com um contrato para garantir sua volta (tem sempre um advogado nestas confusões). O que ninguém contava era com a a morte do imitador antes do fim do prazo... e que um desajeitado Elvis queimasse o contrato ao tentar fazer um churrasco...
E assim, ninguém acredita que Elvis é mesmo Elvis... e passa a viver sua vidinha decadente até terminar no asilo.
No seu retiro forçado, Elvis termina por conhecer Jack, um velhinho negro que afirma ser John F. Kennedy. O dialogo entre Elvis e Kennedy, no momento que se conhecem é sensacional, lá pelas tantas, o Rei pergunta: você sabe que é negro, não sabe? E Jack responde, eu sei, eles me tingiram para ninguém suspeitar de nada...
E os dois vão levando a vidinha sem maiores aborrecimentos que uma próstata inchada, ou artrite nos joelhos (O Rei usa um andador o filme inteiro, o que proporciona algumas cenas hilárias) quando se vêem novamente a frente da ação para enfrentar um múmia do antigo egito que, também depois de muitos percalços, termina no mesmo fim de mundo que eles...
Dirigido por Don Coscarelli, o filme ganhou inúmeros prêmios no exterior, dentre eles o de melhor ator para Bruce Campbell e roteiro. O sucesso no circuito alternativo e a performance de Bruce Campbell como Elvis já geraram comentários que uma continuação está a caminho: Bubba Nosferatu! Elvis versus Drácula, hehehe... aguardo ansiosamente.
E neste caso, Bruce Campbell é o filme, o ator está completamente a vontade no papel do Rei, a maquiagem é ótima, Bruce parece que é realmente um decaído Elvis, somado a atuação sempre segura de Ossie Davies temos um filmaço. Não sei porque nunca saiu por aqui, nem cinema, televisão, net, locadora, nada... Quem tiver a chance de assistir, não pode perder.
Para finalizar vou aproveitar para falar um pouco de Bruce Campbell. Considerado o rei dos filmes B, Bruce aproveita esta fama com muito bom humor, amigo de Sam Raimi (diretor dos 3 filmes do Homem Aranha e da série Evil Dead), sempre aparece em hilárias pontas nos filmes do amigo (muitas vezes sem crédito) e ainda é autor de inúmeros livros de "autoajuda", como o best-seller: Como fazer amor do jeito de Bruce Campbell...
Aí embaixo o trailer para vocês sentirem o gostinho: